sexta-feira, 12 de setembro de 2008

a menina "inha"


nestas conversas malucas que temos de vez em quando por aí, as pessoas nos falam coisas que nos fazem pensar quem somos e o que as pessoas acham que somos. Então, o que as pessoas acham que eu sou? Eu sou a menina "inha". A menininha. A bonequinha. A meiguinha. A coisinha. A quietinha. A fraquinha. Sei lá. Tudo que pode parecer "meia-boca"... mais ou menos... no diminutivo. Nadinha. Seria realmente assim, pensei. Acho que eu aparento ser muita coisa que eu não sou realmente. E não que eu minta. Omitir é a palavra, talvez. Aliás, tenho o direito de permanecer calada ou tudo o que eu disser pode ser usado contra mim em juízo. [Lema!]

falávamos sobre pessoas beges e pessoas verde-musgo que a vida nos leva a conhecer e perguntei se eu fosse uma cor, qual cor eu seria? A resposta: "transparente". Meu deus. Transparente não é uma cor. É quase a inexistência. Não é. Não está. Não se vê. [Lembro-me do vento. Essa coisa incontrolável que quase não se nota, até que se transforme violento ou inexista. O vento não se vê...]

Realmente eu passo [acredito eu] despercebida pela multidão. Eu estou atrás das cortinas, não estou no palco. Nunca serei na cena a atriz principal. Nem coadjuvante no espetáculo. Nem quero. Estarei arrumando a luz, o som, colando as fitas da marcação no chão, escrevendo os textos... eu faço acontecer. Apenas. [!?] A vida é bem mais legal atrás das cortinas. E não é se esconder. É ser apenas. De uma maneira diferente. Agora pensei: seria manipulação? Controlar o espetáculo dos outros? Não sei. Contanto que meu nome esteja nos créditos, agradeço. Enfim. Eu acho que eu seria cor-de-chuva.

e se eu fosse uma flor, perguntei. A resposta: uma rosa vermelha. Comum, pensei. Não! Além disso... aparentemente tratada com desdém: "rosas de novo". Mas todos a desejam. Bonita, sedutora, cheirosa. Mas com espinhos. [Mas corretamente falando, acúleos. Tudo bem, espinhos é mais poético.] As pessoas querem ganhar rosas. Tão comum. Tão especiais. Paradoxal. Ambivalente. [Embora eu acredite que as rosas não tem culpa de um falso amor jurado com flores murchas. Aliás, hoje eu entendo que as rosas murchas que me destes realmente representavam teu amor. Agradeço.(Perceba o quanto eu sou uma pessoa agradecida.)]

e se eu fosse um momento, perguntei. A resposta: seria o amanhecer. O que há para vir e ainda não veio. Um novo dia, com o cheiro do orvalho anunciando algo que virá. Mesmo não se sabendo o quê. Tão bom o cheiro do amanhecer. Novas esperanças. Desafios. Coisas. Fatos. Enfim.
e quando eu morrer, serei cinzas. Deixo aqui meu pedido formalizado de que quero ser cremada. [Assim, evito custos com testamentos e coisaradas...] Coisa triste esta de ser uma casinha de tijolos com plaquinhas padronizadas de estrelas e cruzes. [Parafraseando Quintana, quando eu morrer, coloquem-me a cruz no início e a estrela no final.]
Seja o que for, ao infinito e além.

Nenhum comentário: