quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Tudo se esvai.

nuvens de ponto de interrogação
olhos coloridos no reflexo da tv
desligada
um peixe preso num aquário
minuscúlo

que mais ele irá desejar?
se ele não se lembra de
ter conhecido a grandeza do mar?

peixe no aquário morre de tédio
ou de desgosto?

ou é tudo a mesma coisa?
a mente gira
percorre quilômetros
em milésimos de segundos
... quase não acompanho o raciocínio
temo me desprender devido a esta pressa

não se vá, pedaço de mim.
fragmento de um soneto
ponto e vírgula da metáfora

ninguém mais entender
nada por aqui

e quem disse que era necessário entender?

SALVAR COMO: [mais um arquivo inútil na minha memória não-seletiva]

MODO AUTOMÁTICO: On


não me vejo mais por aí
vejo apenas
um rabisco
a água suja da tinta
o borrão
a poeira
esquecida no canto do sofá
como a moeda perdida
ou como um urso de pelúcia
mofado dentro de uma caixa de brinquedo
quem haverá de lembrar?
nem eu dou bola pra isto.

dedicatória esquecida
no livro empoeirado
do sebo na esquina
por engano
ou de propósito?
esquecido
ou para se esquecer?
por não lembrar mais
ou para não lembrar mais?
[reticências eternas]

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

sonhos, pedaços de uma ilusão.
não sei se vivo
ou se a minha imaginação me engoliu viva
e se estou no estômago das mais
loucas alucinações.

qual o sentido da vida
afinal?

uma conta de matemática
um teorema
um refrão
uma receita de bolo
um programa de tv
um caderno de poesias

viagem epitelial ao reino das mitocôndrias

[e quem disse que eu não posso ditar as regras na minha própria mente?]
eu, que nunca sei onde quero ir,
me adaptei rápido a fácil rotina
das coisas-de-sempre.

eu, que sei que vivemos em vão,
tento chegar rápido ao fim da estrada,
seja lá onde ela nos leve...

eu, que nunca estive em mim,
morri varias vezes
e encontro meus vultos por aí
desencarnados.

[eu hein...]