sábado, 20 de setembro de 2008


Há alguns momentos na vida, em que a melhor saída parece esquecer. Eu preciso ficar sozinha. Sozinha com tudo isso que me assusta. Sozinha já sou. Metade porque me fiz assim, metade porque me deixaram assim. Eu preciso esquecer tudo isso. Essas coisas que ficaram comigo por tanto tempo. Eu estou tão cansada. Nem meus olhos consigo abrir sem que a luz do dia me incomode. Faz tanto tempo que eu não fico comigo mesma. Irei forjar minha morte e me mudarei. Minha vida de caracol, que leva a casa nas costas... eu não tenho lugar em lugar nenhum. Por isso minha presença me incomoda tanto... pesa. Pesar dos que sofrem. Sofrem porque não sabem fazer outra coisa a não ser lembrar... As metáforas são reais. Quisera eu que fosse brincadeira. Queria eu deitar a cabeça no travesseiro a noite e morrer, sem saber o que acontecia. E morrer para não lembrar. Para não incomodar mais ninguém. Desaparecer como em um final de um filme, um final de uma música... e ser aos poucos esquecida, pelos outros e por mim mesma. Talvez esquecer não seja a melhor opção. Mas é que é tão triste lembrar. Essas lembranças que apenas eu lembro. Eu quero estar sozinha por algum tempo. Longe de tudo isso. Desse mundo preto e branco que eu criei. Desaparecer. Quero acordar em 2025 e descobrir que os seres humanos estão extintos. E que não há guerra, nem dor, nem fome. E tudo se foi.

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